E DA PRÓXIMA VEZ, VÁ ENTREGAR A LUTA PRA SUA VÓ

Autores

  • Rafael de Souza Bento Fernandes

Resumo

Michel Pêcheux (2009), ao estabelecer as bases de sua teoria materialista do discurso, criticou veementemente o idealismo, considerando-o redutor, entre outros aspectos, por causa da concepção de sujeito como centro de sentido e fonte do seu próprio dizer. O aspecto “eu sei”, conforme a argumentação do autor, generaliza-se até o “todos sabem”, sob a forma de verdade universal. Partindo dessa problematização e de alguns princípios da análise do discurso de orientação francesa, será discutido, nesse estudo, o efeito de sentido de evidência do lutador Anderson Silva ter “entregue” a luta realizada no dia 07/07/2013, que lhe tirou o cinturão dos pesos médios: como se “todos soubessem” que, na verdade, ele não perdeu, mas se deixou vencer. Em certo sentido, a “queda” desse “herói”, no interior da formação discursiva de MMA (Mixed Martial Arts) como esporte (que se opõe, necessariamente, à de MMA como espetáculo), frustrou uma “operação empatizante” do “suporte físico de projeção” (Umberto Eco (1987)) que o ex-campeão simboliza, de modo que a irrealidade da perda desloca o olhar para uma justificativa do gênero “a luta foi entregue”; admitir que o herói caiu significaria, nesses termos, cair junto com ele. Nas análises, levam-se em consideração as condições de produção de emergência do MMA nas mídias brasileiras, assim como as do torneio UFC (Ultimate Figthing Championship), que o representa.

 

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Publicado

2023-11-22