LÍNGUA PORTUGUESA NO TIMOR-LESTE: UMA LÍNGUA DA RESISTÊNCIA

Autores

  • Cleusa Todescatto
  • Alexandre Sebastião Ferrari Soares

Resumo

Este artigo se alicerça nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso da linha francesa (doravante, AD), teorizada por Michel Pêcheux, em 1960. Tal teoria defende que o sujeito não está na origem do seu dizer, mas que, pela linguagem, materializa efeitos de sentidos nos discursos como se só pudesse dizer da forma como diz. Assim, tratamos da subjetividade como a inscrição do sujeito em uma formação discursiva, assujeitado ao ideológico, construindo memórias do passado e do futuro. Propomo-nos a analisar o funcionamento do discurso de quatro cidadãos timorenses questionados acerca da institucionalização da Língua Portuguesa (LP) como língua oficial do Timor-Leste. O material coletado é parte da prática de um curso de extensão, realizado por estudantes timorenses. Alicerçados, principalmente em teóricos como Pêcheux e Orlandi, elencamos nossos objetivos: 1) verificar como as marcas de subjetividade se inscrevem no discurso, 2) analisar as condições de produção às quais os discursos estão relacionados e 3) compreender de que forma as memórias discursivas se efetivam no discurso como produção da identidade timorense em relação à LP, língua oficial em Timor-Leste desde 2002, pela relação histórica que esse país manteve com Portugal desde a época da colonização (1512) até o processo de invasão da vizinha Indonésia (1975-1999). Nesse último período, a LP foi usada como meio de comunicação entre os guerrilheiros timorenses, em virtude disso, o imaginário sobre a LP ser uma língua da resistência se cristalizou nos discursos desse povo como uma marca de identidade.

 

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Publicado

2023-11-23